A ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, entregou um dossiê ao Ministério da Justiça e Segurança Pública contendo uma série de ataques racistas, insultos e ameaças que recebeu em suas redes sociais e por e-mail ao longo desta semana. Os ataques começaram após um incidente envolvendo uma de suas assessoras que zombou de torcedores do São Paulo, o que resultou na demissão da assessora em questão.
Muitas das mensagens de ódio direcionadas a Anielle também mencionam a vereadora carioca Marielle Franco, irmã da ministra, que foi assassinada em março de 2018. Alguns dos comentários incluem ameaças como “que você tenha o mesmo fim da sua irmã.”
As mensagens injuriosas foram recebidas principalmente em plataformas de redes sociais, como Instagram e Twitter (anteriormente conhecido como X), e os dados dos perfis responsáveis foram incluídos no dossiê. Ao entregar o material, Anielle solicitou proteção policial enquanto as ameaças persistirem.
Na noite de quinta-feira (28), o ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, informou que o ofício de Anielle havia sido recebido e que a Polícia Federal foi acionada para tomar as medidas necessárias imediatamente.
Contexto do Caso
Os ataques contra Anielle Franco começaram no último domingo (24), quando ela participou de uma ação do Governo Federal em colaboração com a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) para combater o racismo no futebol. O evento ocorreu no estádio do Morumbi, em São Paulo, onde o São Paulo enfrentou o Flamengo, time de Anielle, em uma partida decisiva da Copa do Brasil.
As críticas iniciais à ministra se concentraram no uso de um avião da Força Aérea Brasileira (FAB) para o deslocamento entre Brasília e São Paulo. Anielle respondeu às críticas, afirmando que estava cumprindo seu dever e seu trabalho de combate ao racismo.
Os ataques se intensificaram após a divulgação de postagens nas redes sociais de membros da equipe de Anielle que a acompanharam até o estádio. Uma dessas postagens, feita por Marcelle Decothé, que ocupava o cargo de Chefe da Assessoria Especial do Ministério da Igualdade Racial (MIR), continha comentários ofensivos sobre os torcedores do São Paulo.
Em resposta à repercussão do caso, o Ministério anunciou a demissão de Decothé na terça-feira (26), alegando que suas manifestações públicas nas redes sociais estavam em desacordo com as políticas e objetivos do MIR.