Calor Extremo Revela a Desigualdade Térmica nas Cidades Brasileiras

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Enquanto o Brasil enfrenta uma onda de calor que desencadeou alertas de “grande perigo” em nove Estados do país, um aspecto importante da experiência de calor emergiu – a desigualdade térmica. O calor escaldante não afeta todos os habitantes da mesma forma, e especialistas destacam que fatores como moradia, vegetação e arborização dos bairros podem criar enormes discrepâncias na sensação térmica.

A repórter Julia Braun realizou uma comparação impressionante ao visitar a comunidade do Jardim Colombo, dentro da favela de Paraisópolis, em São Paulo, e o bairro nobre de Higienópolis. As diferenças são gritantes. Enquanto Higienópolis desfruta de moradias com janelas amplas, ventilação eficaz e até mesmo ar-condicionado, a comunidade do Jardim Colombo sofre com casas precárias, falta de áreas verdes e calor insuportável.

A onda de calor, que atingiu seu pico recentemente com temperaturas atingindo até 43°C, afetou áreas do Centro-Oeste, Norte e interior do Nordeste, incluindo São Paulo, a maior cidade da América Latina. No entanto, a sensação térmica varia amplamente dependendo das condições locais.

Em assentamentos informais como favelas, a densidade populacional é alta e a arborização é escassa, resultando em temperaturas mais altas e maior vulnerabilidade durante os alertas de calor. Além disso, construções estreitas e próximas umas das outras limitam a circulação do ar e dificultam o resfriamento noturno.

A falta de espaço, telhados metálicos e janelas pequenas também contribuem para a sensação de calor em moradias nessas áreas. Em contraste, bairros mais favorecidos geralmente possuem moradias projetadas com eficiência térmica, ventilação cruzada e grande arborização, proporcionando um ambiente mais fresco.

Um exemplo notável é Higienópolis, onde as moradias de classe alta desfrutam de uma temperatura mais amena devido à presença abundante de vegetação e uma arquitetura bem planejada. Os moradores aproveitam a sombra das árvores e a distribuição adequada de prédios para escapar do calor abrasador.

Mas a desigualdade térmica não é exclusiva das grandes cidades. Bairros menos favorecidos, como Parelheiros, Grajaú e Brasilândia, sofrem com a falta de arborização, enquanto o distrito do Itaim Paulista é considerado o mais quente de São Paulo.

A distribuição desigual do adensamento urbano contribui para a formação das chamadas ilhas de calor, onde a aglomeração de edifícios e ruas asfaltadas retém o calor. Isso só acentua as disparidades na experiência do calor extremo.

O calor extremo é um lembrete contundente da desigualdade urbana no Brasil, onde a falta de áreas verdes, planejamento urbano ineficiente e condições de moradia precárias tornam algumas comunidades particularmente vulneráveis durante as ondas de calor.

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