As mulheres brasileiras continuam sendo reféns da desigualdade de gênero nas tarefas domésticas, dedicando quase o dobro de tempo que os homens a essas atividades, segundo dados da pesquisa Pnad Contínua, realizada pelo IBGE. Em 2022, as mulheres gastaram, em média, 21,3 horas por semana realizando afazeres domésticos e cuidando de pessoas, enquanto os homens dedicaram apenas 11,7 horas às mesmas atividades.
Essa disparidade de gênero não é uma novidade, mas é alarmante ver que, mesmo em tempos mais modernos, as mulheres ainda enfrentam uma sobrecarga significativa de trabalho não remunerado. Essa pesquisa também revela que essa desigualdade começa cedo na vida das brasileiras, com 86% das mulheres entre 14 e 24 anos cuidando das tarefas domésticas, em comparação com apenas 69% dos homens da mesma faixa etária.
Em 2019, a diferença era ainda mais marcante, com as mulheres trabalhando, em média, 10,6 horas a mais do que os homens nas tarefas domésticas. No entanto, essa discrepância persiste e continua a sobrecarregar as mulheres em sua vida cotidiana.
Para entender o impacto dessa desigualdade, basta olhar para o tempo que as mulheres poderiam recuperar se não fossem sobrecarregadas com tarefas domésticas. Com as 9,6 horas extras que gastam em comparação com os homens, elas poderiam se exercitar diariamente por uma hora, assistir a um longa-metragem e ainda passear por 2 horas e meia a cada semana.
Além da desigualdade de gênero, os dados da pesquisa também mostram desigualdades raciais. Mulheres negras e pardas têm uma proporção ainda maior de envolvimento em tarefas domésticas, com 36% e 38%, respectivamente, em comparação com 31,5% das mulheres brancas.
É importante destacar que os homens, quando vivem sozinhos, tendem a gastar mais tempo em tarefas domésticas, enquanto para as mulheres é o contrário: elas enfrentam uma carga ainda maior quando compartilham o lar com alguém. A pesquisa também aponta que as mulheres desempenham mais atividades relacionadas à alimentação, cuidados com roupas e limpeza, enquanto os homens se destacam apenas na realização de pequenos reparos em casa.
Essa desigualdade de gênero nas tarefas domésticas é uma questão persistente que precisa ser abordada de forma mais ampla pela sociedade. É um reflexo das normas de gênero arraigadas em nossa cultura, que continuam a afetar a vida das mulheres brasileiras.