Um grupo de pesquisadores da Universidade da Califórnia em San Francisco (UCSF) está prestes a lançar um estudo inovador que promete revolucionar a abordagem ao Alzheimer. Batizado de “Alzheimer’s Tau Platform” (ATP), o estudo reúne 900 participantes dos Estados Unidos e visa combater o Alzheimer abordando diretamente duas proteínas cruciais associadas à doença: a amiloide e a tau.
A estratégia dos cientistas é ousada: eles planejam combinar duas terapias anti-tau e uma terapia anti-amiloide, incluindo o recém-aprovado lecanemab (Leqembi), que já demonstrou uma redução de 27% no comprometimento cognitivo, conquistando aprovação em janeiro de 2023.
Lecanemab e medicamentos relacionados não apenas eliminam a amiloide, mas também mostraram a capacidade de reduzir a tau. No entanto, os pesquisadores levantam a hipótese de que as terapias voltadas especificamente para a tau podem ser ainda mais eficazes, uma vez que sua presença e localização se correlacionam mais diretamente com os sintomas da doença.
Uma Nova Abordagem para uma Doença Complexa
Os detalhes finais do estudo ainda estão pendentes, mas a expectativa é que os participantes, com 60 anos ou mais, incluam pessoas com Alzheimer assintomático ou comprometimento cognitivo leve, confirmados por meio de exames de sangue, tomografias e testes cognitivos.
Os pesquisadores planejam dividir os participantes aleatoriamente em grupos para receber uma combinação de medicamentos anti-amiloide com ou sem um ou dois medicamentos tau durante um período de 24 meses. Ainda não foi confirmado se um pequeno subgrupo receberá um placebo.
De acordo com o comunicado, no futuro, outros medicamentos podem ser adicionados ao ensaio, com o intuito de abordar outras causas de doenças, como disfunção metabólica ou inflamação.
Desvendando as Causas do Alzheimer
O Alzheimer é um distúrbio neurológico progressivo que resulta na atrofia do cérebro e na gradual perda de células cerebrais (neurônios). As proteínas beta-amiloide e tau desempenham papéis centrais nos estudos sobre essa doença.
Quando as beta-amiloide se agregam, exercem um efeito tóxico sobre os neurônios, interrompendo a comunicação entre as células. Eventualmente, essas proteínas formam aglomerados conhecidos como placas amiloides.
A proteína tau, por sua vez, desempenha um papel no transporte de nutrientes e outras substâncias essenciais entre os neurônios. No entanto, no contexto do Alzheimer, ela sofre alterações e começa a formar estruturas que prejudicam o sistema de transporte e também são tóxicas para as células cerebrais.
Além das proteínas, fatores de risco como periodontite e estresse crônico têm sido associados ao Alzheimer, tornando esta pesquisa um passo significativo na busca por soluções para essa complexa doença.