Crise Hidrológica Desafia Porto Alegre: Comportas Fechadas em Meio a uma História de Inundações

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Em um contundente capítulo na longa saga das cheias que afligem Porto Alegre, as comportas do sistema de proteção contra enchentes foram novamente acionadas, marcando a terceira vez neste ano. A medida, tomada após o Rio Guaíba ultrapassar os três metros, coloca a cidade diante de um desafio inédito, com reflexos que vão desde o fechamento de estações de trens até a abertura de abrigos para os afetados.

No epicentro da crise, a medição da Defesa Civil apontou 3,19 metros no início da tarde, ultrapassando não apenas a cota atingida em setembro, mas também estabelecendo a maior marca desde a notória enchente de 1941. As comportas, fundamentais para conter a força das águas, foram fechadas em uma operação liderada pelo Departamento Municipal de Água e Esgotos (Dmae), com apoio dos Bombeiros.

A lentidão no fechamento das comportas teve repercussões imediatas, resultando no alagamento de trilhos do metrô e no fechamento de três estações de trens urbanos. O Mercado, Rodoviária e São Pedro foram interditados devido aos alagamentos, evidenciando a urgência das medidas diante da iminente ameaça.

A elevação do Guaíba para 3,04 metros pela manhã, originada pelo afluxo de água de outros rios saturados pelas chuvas recentes, impôs à prefeitura a tarefa de fechar cinco das sete comportas, uma operação que se estenderá ao longo do dia. O reflexo da cheia também atingiu a região das ilhas, onde as águas ultrapassaram os 2,5 metros, superando a cota de inundação estabelecida em 2,2 metros.

Na resposta a esse cenário crítico, equipes lideradas pela Defesa Civil estão monitorando de perto a elevação das águas nas áreas ribeirinhas, enquanto o Ginásio do Demhab foi designado como ponto de acolhimento emergencial para as famílias afetadas.

Na Zona Sul, os ventos favoráveis à correnteza minimizaram os impactos, contrastando com setembro, quando as águas avançaram com mais intensidade sobre a cidade. Esse fenômeno, atribuído às condições climáticas, atua como um fator mitigante, aliviando a pressão sobre a metrópole.

O sistema de proteção contra enchentes, criado após a grande cheia de 1941, enfrenta agora sua terceira ativação em um único ano. Composto por 14 comportas metálicas, 23 casas de bomba e extensos diques, o sistema é um marco na tentativa de conter as cheias recorrentes que marcaram a história da cidade.

Neste momento de crise, os rios que desaguam no Guaíba, especialmente o Taquari, Caí e Sinos, registram cheias históricas, deixando milhares de pessoas desabrigadas na Região Metropolitana de Porto Alegre. Eldorado do Sul e São Sebastião do Caí lideram as estatísticas de desalojados, destacando a magnitude do desafio humanitário em meio à crise hidrológica.

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