A Argentina testemunha o início da transição de poder com a chegada do presidente eleito, Javier Milei, à residência presidencial. Contudo, especialistas apontam que o ambiente político do país apresenta um cenário desafiador para a implementação das ousadas mudanças prometidas durante a campanha.
No dia anterior à posse, Milei reiterou sua intenção de fechar o Banco Central e dolarizar a economia, além de comprometer-se a controlar a inflação em um prazo relativamente curto, privatizar empresas públicas e manter a estabilidade da taxa de câmbio. A professora de relações internacionais da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), Denilde Holzhacker, acredita que a concretização dessas propostas enfrentará resistência considerável, especialmente no âmbito legislativo.
A falta de uma coalizão política representa um dilema para Milei, conforme destaca a especialista. Para efetivar as transformações propostas, o presidente eleito precisará conquistar apoio no Congresso. No entanto, mesmo se conseguir construir tal apoio, é improvável que as mudanças ocorram na profundidade prometida durante a campanha, sugerindo uma possível adoção de propostas mais moderadas, como privatizações e reformas no Estado.
Denilde Holzhacker observa um ambiente de oposição robusto, com resistências previstas no Congresso, entre os governadores e uma sociedade ativa que pressionará por sua posição. O desafio central reside na capacidade de Milei conciliar sua visão liberal com as complexidades da política argentina.
Quanto às relações diplomáticas com o Brasil, a especialista sugere que apesar das divergências ideológicas entre os presidentes, espera-se que canais de negociação sejam estabelecidos. Ambos os países têm interesse em evitar rupturas que poderiam ter repercussões significativas, especialmente para a Argentina em meio a uma crise econômica. Antecipa-se um relacionamento pragmático, mantendo o status quo e possivelmente estabelecendo acordos em áreas de interesse mútuo.