Desafios da Humanidade: A Luta pela Sobrevivência do Capitalismo em Meio à Crise

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Debate em Joanesburgo aborda a organização da classe trabalhadora no contexto da crise capitalista

Na terceira edição da Conferência Internacional dos Dilemas da Humanidade, realizada em Joanesburgo, líderes progressistas, intelectuais e membros de organizações populares de todo o mundo debateram o desafio fundamental de organizar a classe trabalhadora em meio a uma crise sistêmica do capitalismo, que se acentua desde 2008.

“É crucial que experimentemos novas formas de luta e novos instrumentos de organização para nossa batalha,” afirmou João Pedro Stedile, dirigente do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).

O evento, organizado pela Assembleia Internacional dos Povos (AIP), reuniu cerca de 500 líderes progressistas, intelectuais e membros de organizações populares de todo o mundo. O painel principal do evento contou com a presença de figuras proeminentes, incluindo Irvin Jim, presidente do Sindicato Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos da África do Sul; Peter Mertens, do Partido dos Trabalhadores da Bélgica; Ana Priscila Alves, representante da Marcha Mundial das Mulheres no Brasil; e Jamila Abboudi, da Via Democrática dos Trabalhadores do Marrocos.

O painel concentrou-se no papel fundamental das organizações da classe trabalhadora na contenção do avanço das forças neoliberais.

“O capitalismo está enfrentando uma crise, mas os capitalistas continuam enriquecendo. A luta está em nossas mãos, e esta é a nossa arma,” destacou Jamila Abboudi, representante da Via Democrática dos Trabalhadores do Marrocos.

Ana Priscila Alves, representante da Marcha Mundial das Mulheres no Brasil, destacou como as crises do capitalismo afetam de forma desproporcional as mulheres.

“No Brasil, em 2020, 96% das pessoas que perderam seus empregos formais eram mulheres. Essas crises são necessárias para reorganizar as cadeias de exploração, e a divisão sexual do trabalho é parte disso,” explicou Alves.

Stedile observou que as mulheres e os jovens são as parcelas mais afetadas da classe trabalhadora no cenário atual.

“A organização feminista é fundamental. Sem as mulheres e a juventude, não haverá luta de massas nem revolução,” afirmou.

O papel da arte e da cultura nas novas práticas organizativas dos trabalhadores também foi enfatizado.

“A cultura e a arte são ferramentas poderosas de agitação e propaganda. Elas alcançam o coração das pessoas, e a luta de classes é travada no coração,” apontou Stedile.

No entanto, Stedile reconheceu a necessidade de um afastamento do discurso proselitista, enfatizando que o discurso por si só não é suficiente para organizar a luta de massas.

Irvin Jim, presidente do Sindicato Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos da África do Sul, concluiu o debate ressaltando que a classe trabalhadora é a única capaz de realizar uma revolução completa.

“A solidariedade internacional, envolvendo as formações da classe trabalhadora, os movimentos sociais progressistas e os partidos políticos revolucionários, é crucial para construir o socialismo. Não pode ser limitado a um único país,” afirmou.

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