Desafios Hídricos no Brasil: Um Crescente Alerta que Transcende Fronteiras

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No cenário complexo da gestão hídrica brasileira, um estudo inovador do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e da Universidade Federal do Paraná (UFPR) revela um aumento dramático de 481% nos conflitos relacionados à água nas últimas duas décadas. Contrariando a tendência de enfoque exclusivo nas áreas rurais, a pesquisa destaca a carência de métodos eficazes, sistematização e levantamentos regulares para monitorar adequadamente esses embates.

Publicado na revista “Desenvolvimento e Meio Ambiente”, o estudo baseou-se em uma análise profunda de documentos, leis e registros virtuais de conflitos hídricos, explorando as últimas duas décadas. O trabalho partiu da premissa de que os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU poderiam impactar significativamente o panorama, especialmente em questões como pobreza e meio ambiente.

Gesmar Rosa dos Santos, pesquisador do Ipea e coautor do estudo, destaca que os resultados revelam lacunas preocupantes. “Não há iniciativas governamentais para manter pesquisas e plataformas de registro e difusão de informações sobre os conflitos”, observa Santos.

A pesquisa, utilizando dados organizados pela primeira vez para esse estudo, ressaltou a escassez de registros contínuos, recorrendo a plataformas e sistemas públicos. Destaca-se a contribuição significativa da Comissão Pastoral da Terra (CPT), que, desde 2002, catalogou quase 3 mil conflitos relacionados à água, envolvendo problemas como diminuição do acesso, destruição ou poluição de recursos hídricos e desrespeito à legislação ambiental.

Os números da CPT apontam um aumento notável de 481% nos conflitos entre 2005 e 2021, concentrando-se em 87% dos eventos nas regiões Nordeste, Sudeste e Norte. O ano de 2019 destacou-se como um ápice, impulsionado pelo trágico rompimento das barragens em Mariana e Brumadinho, Minas Gerais, resultando em mortes, desabrigados e a interrupção do acesso à água tratada.

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