Na mais recente obra do renomado sociólogo e antropólogo Paulo Niccoli Ramirez, intitulada “O Golpe de 2019 na Bolívia – Imperialismo contra Evo Morales” (Ed. Coragem, 2023), revelações surpreendentes emergem sobre os bastidores do golpe que abalou a Bolívia em 2019. O autor, em uma incursão ao estilo de Clóvis Rossi, Tom Wolfe e Noam Chomsky, destaca as intrincadas conexões entre interesses geopolíticos, a busca por lítio e as tramas que resultaram na destituição do presidente legítimo Evo Morales.
Ramirez, em uma narrativa que entrelaça a perspicácia investigativa de Rossi, a ousadia estilística de Wolfe e a profundidade analítica de Chomsky, revela como a cobiça pelo lítio, componente essencial em baterias de smartphones, drones e veículos elétricos, serviu como catalisador para o golpe. O livro, lançado durante a 69ª Feira do Livro de Porto Alegre, promovida pela Editora Coragem, é o ponto de partida para uma série que explorará o contexto político e social dos vizinhos latino-americanos.
Em uma entrevista exclusiva conduzida por Ramirez, Evo Morales compartilha detalhes inéditos sobre os eventos que culminaram em sua queda. O ex-presidente aponta para a interferência externa, destacando a influência da Organização dos Estados Americanos (OEA) e mencionando comentários do empresário Elon Musk, que indicam interesses estratégicos nas vastas reservas de lítio bolivianas.
O autor, ao imergir na atmosfera de Villa Tunari, revela a resistência de Evo Morales em face das pressões e a caçada que se desencadeou após sua renúncia, onde um jornalista argentino, Alfredo Serrano Mancilla, desempenhou um papel crucial ao auxiliar Morales a encontrar refúgio.
Ramirez não se esquiva de discutir as nuances políticas pós-golpe, apontando para possíveis rachaduras entre Evo Morales e o atual presidente Luis Arce. No entanto, ressalta que a mídia pode estar inflando artificialmente as divergências, uma estratégia que poderia ser revertida para ganhar apoio popular.
Ao abordar as questões climáticas, Jobana Moya, ex-aluna de Ramirez e participante das entrevistas, destaca a disputa ideológica em relação aos valores do capitalismo e a necessidade urgente de uma mudança profunda no modo como vemos o mundo.
