Na intricada dança política alagoana, onde os interesses agrários se entrelaçam com a busca pelo poder, o presidente da Câmara, Arthur Lira, tece uma trama que combina o uso estratégico da Codevasf, tratores e consórcios municipais. Revelado pelo dossiê “Arthur, o Fazendeiro,” publicado nesta segunda-feira (13/11), a narrativa desvenda conexões agrárias e políticas entre as famílias Lira e Pereira, delineando um panorama de ousadia e complexidade.
A equipe do De Olho nos Ruralistas, em uma investigação de seis meses, identificou 115 fazendas vinculadas a parentes de Arthur Lira, totalizando 20.039,51 hectares em Alagoas e Pernambuco. Este império agropecuário, com suas raízes fincadas nas terras do clã, se revela não apenas como um fenômeno agrário, mas como um protagonista na arena eleitoral, alimentando a disputa com o rival Renan Calheiros para as eleições de 2024.
O líder do Centrão orquestra sua estratégia por meio de dois primos-chave: Joãozinho Pereira, superintendente regional da Codevasf, e Marlan Ferreira, presidente do Consórcio Intermunicipal do Agreste Alagoano (Conagreste). A Codevasf, sob a batuta de Joãozinho, intensifica a entrega de tratores e obras, criando um clima de campanha eleitoral. Marlan, por sua vez, lidera o “tratoraço” dos Pereira, distribuindo recursos através de emendas parlamentares para fortalecer a base política.
No centro dessa trama, a cidade de Junqueiro emerge como o palco principal da disputa. Joãozinho, filiado ao PP de Arthur, é cotado como candidato à prefeitura em 2024. A batalha se estende a outras frentes, com os irmãos Silva, apoiados por Renan Calheiros, desafiando os Pereira em Teotônio Vilela e Campo Alegre.
Em um vídeo revelador de maio de 2023, Joãozinho comemora o início das obras de pavimentação da Codevasf em Junqueiro. Contudo, um detalhe revelador escapa: um adesivo do Grupo Pereira, evidenciando a intrincada rede de interesses e relações.
O “tratoraço” se reinventa pelo Conagreste, com Marlan e Teófilo Pereira articulando diretamente com Arthur Lira o envio de emendas parlamentares. Uma injeção de R$ 29 milhões é destinada à compra de tratores, retroescavadeiras e outros equipamentos, fortalecendo a influência do grupo.