Estudo: Maioria dos Filhos de Beneficiários do Bolsa Família Deixa o Programa, mas Desigualdades Persistem

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Brasília, 20 de setembro de 2023 – Em um estudo inédito conduzido pelo economista Paulo Tafner para o Instituto Mobilidade e Desenvolvimento Social (IMDS), foi revelado que a maioria dos filhos dos beneficiários do Bolsa Família não depende mais do programa social do governo. Os dados indicam que, entre 2005 e 2019, aproximadamente 70% desses jovens conseguiram se emancipar do benefício, mas persistem desafios significativos, especialmente para mulheres, negros e indígenas.

A Evolução da Pesquisa

O estudo baseou-se na análise de dados do Cadastro Único de 2005 e da folha de pagamento do Bolsa Família em 2019, excluindo o ano de 2020 devido à pandemia de Covid-19. Dos 11,628 milhões de beneficiados em 2005, cerca de 7,451 milhões não dependiam mais do programa em 2019. No entanto, é importante observar que essa saída não implica automaticamente a superação da pobreza.

Desigualdades no Processo de Emancipação

O estudo revela desigualdades significativas de gênero e raça no processo de saída do Bolsa Família. Notavelmente, os brancos apresentaram uma taxa de emancipação cerca de 20 pontos percentuais superior à dos negros. No entanto, os números mostram que os indígenas têm uma taxa de saída quase nula; uma vez que entram no programa, raramente conseguem sair.

No que diz respeito ao gênero, os homens saíram do programa em maior proporção do que as mulheres, com uma diferença de cerca de 15 pontos percentuais. Isso pode ser atribuído ao fato de que muitos meninos deixam a escola mais cedo para trabalhar, enquanto as meninas, ao se tornarem mães, passam a ser titulares do programa.

Desigualdades Regionais

O estudo também destaca desigualdades regionais na saída do Bolsa Família, com as regiões Sudeste, Centro-Oeste e Sul apresentando taxas de emancipação mais altas em comparação com o Norte e o Nordeste. Isso sugere que as oportunidades de emprego são mais limitadas nas últimas regiões, o que dificulta a saída dos beneficiários.

Perspectivas Futuras e Soluções

Paulo Tafner enfatiza a necessidade de programas municipais para capacitar a mão de obra dos beneficiários do Bolsa Família, argumentando que a combinação desses programas com o benefício é mais eficaz na retirada das famílias da pobreza. Ele também destaca a importância de uma abordagem mais abrangente da seguridade social, envolvendo programas como seguro-desemprego, abono salarial, Benefício de Prestação Continuada e FGTS.

Quando questionado sobre o Auxílio Brasil, Tafner observa que, assim como o Bolsa Família, o programa não aborda completamente a questão da emancipação, enfatizando que a superação da pobreza requer mais do que simples transferências de renda. Portanto, é essencial uma abordagem multifacetada para lidar com essa complexa questão social.

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