Três renomados empresários brasileiros, Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira, conhecidos por suas amplas investidas em diversos setores econômicos, incluindo a Americanas, têm sido alvo de atenção devido a uma complexa movimentação de ativos. Recentemente, eles optaram por transferir parte de suas participações, incluindo a gigante varejista Americanas, para uma entidade sediada em Luxemburgo conhecida como BRC. Esse movimento ocorreu após a fusão das operações da Americanas com a B2W, o braço digital da empresa, em 2021. Além disso, a BRC exerce controle sobre a AB Inbev e está ligada a outras entidades situadas em paraísos fiscais no Caribe e em Delaware, nos Estados Unidos. Como resultado, a BRC e sua subsidiária, a S-Velame, agora detêm uma participação significativa de 26,7% na Americanas, enquanto Carlos Alberto Sicupira mantém uma participação pessoal de 2% na empresa.
No entanto, é importante destacar que esse movimento não ocorreu sem controvérsias. Pouco mais de um ano após a transferência dos ativos para jurisdições de paraísos fiscais, a Americanas se viu envolvida em um escândalo contábil com uma dívida estimada em cerca de 40 bilhões de reais.
Em resposta a essa situação, os três empresários emitiram uma nota oficial através do Radar Econômico, onde esclarecem sua posição: “A assessoria dos acionistas de referência reitera que eles estão totalmente engajados na construção de uma solução para pôr um fim à recuperação judicial da Companhia, de modo a preservar seus empregos e sua atividade econômica relevante. Em relação à demanda apresentada pela coluna, é oportuno ressaltar que os acionistas de referência são investidores de várias companhias globais, tendo há muito tempo estruturado veículos de investimento no exterior, assim como diversos outros grupos de investimento.”
Eles continuam explicando: “Nesse contexto, ocorreu a transferência de ações detidas por um veículo brasileiro para um veículo no exterior. Esse tipo de reorganização, que é legal e corriqueira, foi feita seguindo todas as normas aplicáveis, inclusive as de divulgação à Americanas e ao mercado através dos filings da companhia na CVM.”
A nota finaliza com uma declaração enfatizando a conduta ética e a confiança nas autoridades para apurar eventuais irregularidades: “Por fim, os acionistas de referência reforçam que sempre agiram dentro dos mais rigorosos padrões éticos em todos os seus negócios e confiam no trabalho de todas as autoridades competentes para a responsabilização dos verdadeiros culpados pela fraude contra a empresa.”