Em Alagoas, um ato de bravura resultou em tragédia quando Rosineide da Costa Silva, de 53 anos, interveio para proteger sua sobrinha, de apenas 21 anos, que estava sendo importunada sexualmente por um policial militar. O desenlace desse ato de coragem foi tão rápido quanto brutal: Rosineide foi executada com 11 tiros. Uma narrativa que desafia a nossa compreensão, mas também destaca a necessidade urgente de abordar a violência de gênero e abuso de poder.
O policial militar em questão, o soldado Wellington Pereira da Silva, de 35 anos, havia sido convidado para uma festa na casa da vítima, criando um ambiente de confiança antes do confronto. Seu interesse pela jovem logo se manifestou, e o assédio começou. Segundo a sobrinha da vítima, em entrevista à TV Ponta Verde, “Em todo momento ele queria ficar comigo. Na hora que passei para o banheiro, ele puxou meu short, e eu falei coisa com ele. Quando voltei, minha tia já estava falando com ele, que ele me respeitasse e respeitasse a casa dela, que ele estava bêbado e não sabia beber.”
A reação de Rosineide, que corajosamente defendeu sua sobrinha, desencadeou uma tragédia inimaginável. O policial, visivelmente irritado, exigiu que ela repetisse o que havia dito. Sua resposta, pronunciada com determinação, foi recebida com uma rajada de balas.
O delegado Thiago Prado, da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa, afirmou categoricamente que o PM foi o autor dos disparos. Após uma audiência de custódia na segunda-feira, a Justiça decretou sua prisão preventiva. O militar enfrenta acusações de assassinato e está sob investigação por importunação sexual contra a sobrinha da vítima.
Em meio a esse cenário devastador, o filho de Rosineide desabafou, revelando a dor que sua família está enfrentando. Ele declarou: “Só quero que vocês nunca passem pelo que estou passando agora, porque eu só tinha a minha mãe. Agora não sei mais o que vou fazer. A ficha ainda não caiu, não sei o que estou pensando, o que está se passando na minha cabeça. Minha mãe era uma pessoa simples, estava bebendo na porta de casa com os amigos. A sobrinha dela também estava lá. Minha mãe trabalhava muito e estava no seu dia de folga, se divertindo como sempre fez, sem incomodar ninguém […] Eu só estou conseguindo ser forte porque aprendi com ela. Não sei até onde conseguirei chegar, mas vou usar toda a força que ela sempre me deu.”
O Grito de Nossas Consciências
Este trágico incidente não é apenas uma narrativa isolada, mas um eco do que muitas mulheres enfrentam quando tentam resistir à violência e ao assédio. Rosineide, com sua coragem, se tornou um símbolo de luta, mas sua morte sublinha a urgência de abordar questões complexas de abuso de poder e violência de gênero.
A Polícia Militar de Alagoas reagiu prontamente à tragédia, destacando que não tolerará desvios de conduta de seus membros. A sociedade deve se unir para exigir justiça e promover uma mudança cultural que torne esses atos inaceitáveis em nossa sociedade.