Uma trama envolvendo poder político e terras ocultas surge com contornos sombrios, colocando em evidência o presidente da Câmara, Arthur César Pereira de Lira. Revela-se uma história de despejo e conflitos, ecoando os dilemas sociais de nosso tempo.
Arthur Lira, conhecido por seu papel político, revela-se também um latifundiário com vastas extensões de terra distribuídas em Alagoas e Pernambuco. A jornada investigativa conduzida pelo De Olho nos Ruralistas, em colaboração com o portal ICL Notícias, destaca não apenas sua influência no cenário político, mas também seus conflitos com posseiros e ex-trabalhadores de usinas.
O foco da narrativa recai sobre o despejo ocorrido em agosto de 2023 no Engenho Proteção, em Quipapá (PE). Um casal de agricultores, Cícero Paulo da Silva e Maria José de Oliveira Silva, que habitava a área há duas décadas, viu-se obrigado a deixar suas terras após ação movida por Arthur Lira.
A história revela a discrepância entre a posse de longa data do casal e a aquisição das terras por Lira em 2008, sem que a propriedade fosse declarada nas prestações de contas eleitorais. O dossiê “Arthur, o fazendeiro” ilustra essa discrepância ao identificar 20.039,51 hectares registrados em nome de empresas ou membros dos clãs Lira e Pereira.
O despejo, contado pelos agricultores, destaca o momento de tensão vivido pela família antes da intervenção policial. O casal, que cultivava diversas plantações para subsistência, agora se vê obrigado a pagar aluguel enquanto aguarda as decisões judiciais.
A investigação se estende às raízes históricas da expansão territorial de Arthur e Biu de Lira, remontando aos anos 1990, quando a crise do setor canavieiro abriu espaço para fazendeiros adquirirem terras a preços vantajosos. Essa prática, observada na aquisição de imóveis após a falência da Usina Água Branca, ressalta as implicações sociais e políticas desse processo.
O advogado de Cícero busca comprovar que ao menos a casa não pertence às terras de Lira, prometendo uma batalha judicial pela posse. A complexidade do caso se aprofunda com o histórico de conflitos agrários e a sobreposição de interesses políticos, evidenciando o entrelaçamento de poder e terras na região.