Em um mundo onde as contribuições para a ciência são celebradas, há uma história obscura de uma cientista cuja genialidade foi frequentemente eclipsada por preconceitos de gênero e religião. Lise Meitner, uma física brilhante que trabalhou incansavelmente na teoria da fissão nuclear, nunca recebeu o Prêmio Nobel que merecia, apesar de sua notável contribuição para a compreensão do átomo.
Em 1939, quando Otto Hahn e Fritz Strassmann, dois químicos alemães, acidentalmente descobriram a fissão nuclear, desencadeando uma revolução na física, uma peça crucial do quebra-cabeça estava faltando na narrativa convencional. Lise Meitner, uma física austríaca, tinha trabalhado lado a lado com Hahn e desempenhou um papel fundamental no desenvolvimento da teoria da fissão nuclear. No entanto, ela foi inexplicavelmente excluída do reconhecimento quando Hahn recebeu o Prêmio Nobel de Química em 1944.
Nascida em 1878 em Viena, Meitner superou as barreiras sociais e de gênero da época para seguir sua paixão pela física. Ela foi a segunda mulher da Universidade de Viena a obter um doutorado em física e, ao longo de sua carreira, trabalhou ao lado de figuras notáveis como Max Planck e Albert Einstein.
Quando a Alemanha nazista anexou a Áustria em 1938, Meitner, de origem judaica, enfrentou a perseguição do regime. Niels Bohr, um colega físico e laureado com o Nobel, ajudou-a a fugir para a Suécia, onde continuou seu trabalho colaborativo com Hahn por meio de correspondência. Foi durante esse período que Hahn realizou experimentos cruciais que resultaram na descoberta da fissão nuclear.
Meitner e seu sobrinho Otto Robert Frisch, também um físico, interpretaram os resultados de Hahn e Strassmann e desenvolveram a teoria da fissão nuclear. Sua explicação teórica foi publicada na renomada revista Nature em fevereiro de 1939, lançando as bases para a compreensão da fissão nuclear.
No entanto, quando Hahn foi agraciado com o Prêmio Nobel de Química em 1944 por sua contribuição à descoberta, ele fez apenas uma menção vaga a Meitner, referindo-se a ela como “assistente” ou “colega de trabalho”. Essa omissão foi profundamente injusta, considerando a importância do papel desempenhado por Meitner na teoria da fissão nuclear.
A exclusão de Lise Meitner do Prêmio Nobel não foi apenas devido ao preconceito de gênero, mas também a seu judaísmo, uma triste realidade da época. Em uma carta a seu sobrinho, Meitner expressou suas suspeitas de que a atitude de Hahn em relação a ela contribuiu para a decisão do comitê do Nobel contra eles, mas ela optou por manter esse ressentimento em particular.
A história de Lise Meitner é um lembrete de que, mesmo nas conquistas científicas mais notáveis, o preconceito e a injustiça podem desempenhar um papel significativo. Ela é apenas uma entre muitas mulheres cientistas que não receberam o devido crédito por seu trabalho, incluindo Rosalind Franklin, cuja contribuição para a descoberta da estrutura do DNA também foi subestimada.
À medida que celebramos as realizações científicas durante a Semana Nobel, também é importante refletir sobre as omissões e injustiças que ocorreram ao longo da história da ciência. Lise Meitner, a “mãe da bomba atômica” que nunca recebeu o reconhecimento que merecia, permanece como um exemplo vívido dessas lutas não reconhecidas.