Entidades e líderes da comunidade muçulmana no Brasil expressam preocupações sobre um possível aumento da islamofobia, após uma operação da Polícia Federal, nesta quarta-feira (8), resultar em prisões e mandados de busca contra suspeitos de ligação com terrorismo. O panorama já estava tenso desde o início do conflito entre Israel e Hamas em 7 de outubro, com denúncias de preconceito que foram levadas ao Ministério da Justiça.
O advogado Girrad Sammour, presidente da Associação Nacional de Juristas Islâmicos (Anaji), lamenta o possível agravamento do cenário: “Infelizmente, o início do conflito fez crescer o volume de denúncias que recebemos, e creio que essa investigação faça crescer ainda mais”. Na semana passada, a Anaji apresentou ao Ministério da Justiça um panorama da islamofobia, destacando o aumento desde o início dos conflitos na Faixa de Gaza.
As denúncias de preconceito não se limitam às redes sociais; a Anaji recebeu um maior volume de queixas relacionadas a situações no transporte público e outras instâncias, especialmente contra mulheres. “Já nas primeiras semanas, recebemos mais de 200 denúncias de islamofobia, ante uma média de 30 a 40 casos por mês. Esse número já é maior, e acredito que cresça mais”, acrescentou Sammour.
Ali Zoghbi, vice-presidente da Federação das Associações Muçulmanas do Brasil (Fambras), compartilha a percepção de aumento nos casos de preconceito e expressa o temor de que as investigações sobre brasileiros ligados ao Hezbollah e a um suposto plano de ataques terroristas no país intensifiquem ainda mais a islamofobia. Ele ressalta a importância do trabalho de difusão sobre os princípios islâmicos, enfatizando que o Islã prega o amor e a paz.