A Reitoria da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) emitiu um comunicado na quarta-feira (18) pedindo às autoridades estaduais do Rio de Janeiro um reforço no policiamento nas proximidades do campus da Cidade Universitária, conhecido como Fundão. Isso ocorre devido à persistente Operação Maré, que envolve incursões diárias das forças policiais no Conjunto de Favelas da Maré, localizado na zona Norte da capital fluminense. A UFRJ se encontra em estreita proximidade com a área onde ocorrem essas operações.
A universidade enfatizou que suas atividades acadêmicas permanecem inabaladas, mas tomou medidas para minimizar o impacto nas faltas dos estudantes que residem nas regiões afetadas pelas operações policiais.
“Para membros da comunidade universitária que residam em áreas afetadas por conflitos, faltas serão abonadas, e avaliações dos alunos dessas áreas serão adiadas com o direito de nova avaliação assegurado”, afirma o comunicado.
A UFRJ demonstrou seu compromisso com os direitos humanos e consultou especialistas da própria instituição na área de segurança para desenvolver protocolos que garantam a segurança de sua comunidade acadêmica. O comunicado também enfatiza a condenação de quaisquer ações que coloquem em risco a população das áreas em conflito e destaca que a reitoria solicitou uma audiência com o Governo do Estado para garantir a liberdade de locomoção da comunidade universitária e o respeito aos direitos humanos das populações dessas áreas.
Mobilização estudantil
O Diretório Central dos Estudantes da UFRJ Mario Prata convocou uma reunião online aberta para debater o protocolo de segurança pública da universidade e as demandas dos estudantes diante das operações policiais.
“Aterrorizantes para os moradores de favela, as operações nas favelas da Maré, Vila Cruzeiro e Cidade de Deus têm impedido estudantes de chegarem à universidade, principalmente à Ilha do Fundão”, diz a convocação, que critica a resposta da universidade como “fraca.”
As medidas adotadas pela reitoria, segundo o DCE, demonstram uma preocupação insuficiente com os estudantes diante desse cenário. A convocação conclama a comunidade da UFRJ a comparecer em conselhos da universidade para discutir um protocolo adequado para lidar com operações policiais na cidade do Rio de Janeiro.
A Operação Maré foi iniciada após uma investigação de dois anos da Polícia Civil descobrir um centro de treinamento do crime em uma quadra no Parque União. Além disso, a ação responde às mortes de três médicos, executados por engano em um quiosque na Barra da Tijuca, na zona Oeste do Rio.
O balanço da Operação Maré, que não se limitou ao Conjunto de Favelas da Maré, indica que 28 pessoas foram presas, 103 carros, 14 fuzis e 100 quilos de pasta base de cocaína foram apreendidos.