O brasileiro Igor Galvão compartilha suas experiências impactantes em meio ao conflito na Palestina.
No cenário de guerra declarada por Israel há menos de dez dias, a perspectiva do brasileiro Igor Galvão, militante do Movimento Brasil Popular, lança luz sobre uma realidade peculiar. Enquanto o conflito na Palestina se desencadeava, ele se encontrava no coração desse território, atuando como voluntário em um projeto internacional voltado para diálogo, convivência e paz.
Galvão chegou à região no final de agosto por meio do Programa de Acompanhamento Ecumênico na Palestina e em Israel (Paepi – Eappi), coordenado pelo Conselho Mundial de Igrejas. Desde então, ele vivenciou o cotidiano da população palestina, compartilhando suas angústias, aspirações e, acima de tudo, sua resistência.
A vida na Palestina é marcada por uma tensão constante. Fazer planos torna-se um desafio, pois ninguém sabe se o posto de checagem estará aberto no dia seguinte ou se uma incursão militar impedirá a saída de casa. É um ambiente de opressão onde as populações enfrentam humilhações diárias.
“O que vimos no chão, em nossos monitoramentos, é que, hoje em dia, a presença internacional tem sido muito importante, mas infelizmente não é suficiente para impedir que Israel cometa as violações. Mas o que ouvimos da população palestina quando conversamos é ‘se você não estivesse aqui seria pior'”, afirmou Galvão.
O papel dos voluntários como Galvão, que monitoram violações de direitos humanos, é crucial. Eles representam uma presença internacional atenta às garantias de direitos essenciais, mesmo que não possam impedir todas as violações.
Dados recentes do Paepi – Eappi revelam um aumento das tensões, com mais de 57% das violações de direitos humanos direcionadas a pessoas palestinas. Em seu dia a dia, Galvão testemunhou como a violência permeia o território, desde abordagens policiais até revistas e humilhações.
Uma das questões mais preocupantes é a liberdade de culto, especialmente para os muçulmanos que se dirigem à Mesquita de Al-Aqsa, o terceiro local mais sagrado para essa religião. Nos postos de controle, a rejeição da entrada muitas vezes ocorre nos dias de oração mais sagrados, negando o acesso à liberdade de culto de maneira arbitrária.
A vida das crianças palestinas que frequentam escolas é marcada por hostilidades, onde adolescentes podem ser revistados e constrangidos no caminho para a escola. Até mesmo os livros didáticos são confiscados por soldados israelenses.
Galvão compartilha a história de um jovem palestino que, enquanto rezava na Mesquita de Al-Aqsa, foi morto a tiros por soldados israelenses. Esse triste episódio ilustra a dura realidade que as famílias palestinas enfrentam, com restrições, prisões de pais e punições coletivas.
Por meio da resistência, os palestinos mantêm viva a sua identidade nacional, que é transmitida de geração em geração. Eles não normalizam a violência, compartilhando suas histórias com estrangeiros, buscando apoio internacional.
Enquanto Galvão destaca a recepção calorosa que os brasileiros recebem dos palestinos, é evidente que o Brasil, com sua influência e boas relações, pode desempenhar um papel importante na promoção da paz nessa região conturbada. Os palestinos respeitam os brasileiros e veem no país uma voz moderadora que pode contribuir para a resolução desse conflito.