Enquanto Gaza continua sendo alvo de bombardeios incessantes, um jovem palestino em Cuba compartilha sua história. Abdelhadi Bassam, estudante de medicina na Escola Latino-Americana de Medicina (ELAM), descreve a angústia de crescer em uma terra frequentemente atingida pela violência.
“Os bombardeios foram recorrentes durante toda a minha vida. Eu cresci com Gaza sendo bombardeada duas ou até três vezes por ano pelo Estado de Israel. Todos os anos eles matam pessoas, todos os anos eles ferem pessoas”, diz Abdelhadi, revelando a realidade que assola sua terra natal.
Como estudante distante de Gaza, ele testemunha a escalada da violência militar à distância. A situação se agravou com o corte das comunicações com Gaza, deixando os palestinos isolados por 34 horas.
A incerteza cresceu à medida que tentavam juntar informações dispersas. “Ninguém nunca fala sobre isso. Na maioria das vezes, nem mesmo sabemos por que, ou o que aconteceu. Apenas somos bombardeados por algumas horas ou dias seguidos. Bombas que caem entre pessoas que estão indo ao supermercado, à escola ou que estão apenas em casa”, relata Abdelhadi sobre os bombardeios em Gaza.
Os ataques recentes atingiram o maior campo de refugiados em Gaza, causando mortes e ferimentos. A Jordânia, aliada de Israel, convocou seu embaixador em resposta à escalada da ofensiva.
O saldo de vítimas é devastador: mais de 9 mil mortes, incluindo mais de 3.500 crianças, e mais de 1.650 pessoas desaparecidas. A infraestrutura de Gaza foi severamente prejudicada, com ataques a hospitais e uma crise de saúde em curso.
Abdelhadi relembra o primeiro bombardeio que testemunhou em 2008 e como isso mudou sua perspectiva. Seu desejo de estudar medicina foi impulsionado pelo desejo de ajudar seu povo. “É muito difícil estar longe de minha família neste momento. Mas também sei que tenho uma missão, estudar para poder estar lá no futuro. Ajudar a salvar a vida de todas as crianças que estão sendo bombardeadas”, afirma com determinação.
A Escola Latino-Americana de Medicina em Cuba desempenha um papel fundamental, oferecendo formação a estudantes palestinos para fortalecer o sistema de saúde em Gaza. Cuba e os palestinos compartilham uma longa história de solidariedade, com Cuba concedendo bolsas de estudo gratuitas a palestinos, permitindo que eles contribuam para a população dos territórios ocupados.
Essa é uma realidade que muitos enfrentam, mas poucos compreendem completamente. Gaza vive sob constante ameaça, e para Abdelhadi, seu caminho na medicina é uma forma de ajudar a sua terra e o seu povo.