Inundações devastadoras no Rio Grande do Sul: MST lança campanha em defesa das famílias afetadas

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Sob a sombra da tragédia, a esperança brota: MST se ergue em mutirão de solidariedade

Em meio ao cenário mais desolador que a história das enchentes no Rio Grande do Sul já presenciou, com 83 mortos, 121.957 desalojados e 19.368 desabrigados até segunda-feira (6), o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) se ergue como farol de esperança. Lançando uma campanha de solidariedade, o movimento busca amparar as famílias atingidas pela fúria das águas em diversos municípios gaúchos.

Entre as vítimas da catástrofe, cerca de 420 famílias do próprio MST viram seus lares serem tragados pela força implacável da natureza. Cinco assentamentos do movimento na região metropolitana de Porto Alegre sucumbiram à inundação, deixando um rastro de destruição que inclui a perda de casas, móveis, bens pessoais e a produção de arroz e hortas agroecológicas.

“Com a perda da estrutura das casas, móveis, bens pessoais e da produção de arroz e hortas agroecológicas, onde muitos trabalhadores rurais já haviam replantado após a inundação do final do ano passado, as famílias se encontram ainda em abrigos coletivos”, informa nota do movimento.

Os assentamentos Integração Gaúcho (IRGA), Apolônio de Carvalho e Conquista Nonoaiense estão em Eldorado do Sul. Já os assentamentos Sino e Santa Rita de Cássia situam-se no município de Nova Santa Rita. As duas cidades, entre as mais castigadas pelas enchentes, só podem ser acessadas por helicóptero para entrega de ajuda humanitária.

Em Eldorado do Sul, estima-se que pelo menos metade dos 40.000 habitantes esteja desabrigado. “A cidade toda está submersa”, resume Maurício Roman, da coordenação nacional do MST no Rio Grande do Sul.

O IRGA abriga a Cooperativa dos Trabalhadores Assentados da Região de Porto Alegre (Cootap), responsável por grande parte da produção que coloca o MST como o maior produtor de arroz orgânico da América Latina. “No caso do arroz, a expectativa ainda era de colheita. Plantamos fora da janela agrícola porque já havíamos sofrido a primeira inundação em novembro. Então, estamos no processo de colheita desses grãos”, lamenta Roman.

“Estamos passando por um momento difícil. Perdemos máquinas, caminhões. Conseguimos tirar alguns na quinta-feira (2), outros não. Eram máquinas essenciais para o movimento, para a produção de arroz”, relata Maurício Roman, ressaltando que, apesar de estimarem a perda de “uma grande estrutura”, ainda não é possível dimensionar a gravidade dos danos.

Na segunda-feira (6), Nelson Krupinski, do departamento de marketing da Cootap, relatou ao Brasil de Fato que um conhecido passou de jet ski em frente à cooperativa e relatou que a água ainda chegava ao segundo andar do prédio.

“Os assentamentos de Nova Santa Rita, Viamão e Tapes também sofreram perdas na produção de arroz e hortaliças. No interior, como em São Gabriel, Hulha Negra, Jóia e na Região Central, a água cobre as estradas e as plantações”, informa o MST em nota.

Diante da catástrofe, o movimento reforça o chamado à solidariedade.

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