Comandante da Marinha Critica Reconhecimento de João Cândido como Herói Nacional

0
47

O comandante da Marinha, Marcos Sampaio Olsen, causou polêmica ao criticar o projeto de lei que propõe incluir João Cândido Felisberto, líder da Revolta da Chibata de 1910, no Livro dos Heróis e Heroínas da Pátria. Para Olsen, enaltecer Cândido e os marinheiros da revolta seria um “reprovável exemplo de conduta” para os brasileiros, além de exaltar atributos que não contribuem para o pleno estabelecimento do verdadeiro Estado democrático de Direito.

O projeto em questão está em tramitação na Comissão de Cultura da Câmara dos Deputados, presidida por Aliel Machado (PV-PR), e tem relatoria da deputada Benedita da Silva (PT-RJ).

Olsen classificou os marinheiros envolvidos na revolta como abjetos e afirmou que o episódio de 1910 foi vergonhoso e deplorável. Segundo ele, os insurgentes buscavam vantagens corporativistas ilegítimas, além do fim dos castigos físicos nas embarcações militares brasileiras.

A Marinha ressaltou que, embora reconheça a inaceitabilidade dos castigos físicos nos navios, não considera o movimento de 1910 um ato de bravura ou de caráter humanitário. O comandante também mencionou ameaças de bombardeio à cidade do Rio de Janeiro durante a revolta, resultando em vidas perdidas, incluindo duas crianças atingidas por projéteis.

João Cândido, conhecido como “almirante negro” pela liderança na revolta e na luta por direitos, foi posteriormente expulso da Marinha, preso e faleceu em 1969 em condições precárias. Embora tenha sido reconhecido como herói estadual no Rio de Janeiro e municipal em locais como São João do Meriti (RJ) e Encruzilhada do Sul (RS), sua promoção a almirante nunca foi concretizada, mesmo sendo chamado assim pela imprensa e pela população da época.

O debate sobre o reconhecimento de João Cândido como herói nacional vem sendo discutido há anos no Legislativo brasileiro, refletindo as diferentes interpretações históricas e políticas sobre seu papel na luta por direitos e justiça.

Avalie este post

Deixe uma resposta